Por Laura Tonial
Advogada e escritora

"Uma noite um velho índio cherokee fala ao neto sobre os desafios da vida. Relata que existe dentro do ser humano uma luta entre dois lobos. Um é mau, movido pela raiva, ganância, inveja, arrogância e mentira. O outro lobo é bom: alegria, coragem, paz, bondade, verdade e fé. O menino, olhos atentos, pergunta: "E quem vence?" O velho avô responde: "Aquele que eu alimento."

O ser humano é completamente misterioso e surpreende aos outros e a si próprio com as transformações que sofre em cada etapa da vida. Quantas vezes até inconscientemente passamos a alimentar o lobo mau? É exatamente nesses períodos que não encontramos a paz interior e passamos a acreditar que os outros estão contra nós.

Se passamos a alimentar o lobo bom, sentimos a alegria voltar e, com ela, a vontade de nos mantermos bons.

Em Lucas 6, 31 encontramos a regra para o bom relacionamento: "O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles."

Algumas pessoas deixam fluir de sua personalidade a pureza de seu caráter, sua honestidade, a transparência de seu agir e seu compromisso com a verdade. Outras, seja por dinheiro, distinções ou privilégios, permitem que a desgraça e a infelicidade aprisionem o seu ser.

Quantas vezes deixamos transbordar nossas reservas de paciência, de compreensão, de tolerância, esquecendo-nos de que viver é uma experiência que merece valorizar cada momento vivido!

Para que nossa luz interna brilhe e possamos construir nossa felicidade - que em realidade é efeito do estilo de vida que levamos -, torna-se importante estimular o lobo bom, aceitando os outros como são e nos aceitando, sendo autênticos - tendo coerência entre o que se diz e o que se faz -, exercendo a gratidão e a caridade, fazendo elogios aos que nos cercam, sendo amorosos, tendo humildade nas atitudes e buscando novas aprendizagens, deixando de lado as animosidades, e, sobretudo, a ânsia por estar sempre com a razão.

Estar cercados de pessoas que nos incentivem a crescer e evoluir em todos os campos, e dedicar tempo a fazer o bem aos outros - por puro amor - são outras formas de alimentar nosso bom lobo.

Afastar sempre que possível nosso cérebro e nossas emoções das coisas ruins e pesadas, e exercer o controle de nossa língua - visto que através dela além de revelar o que nosso coração está cheio, estimulamos os outros com o que dizemos - são bons caminhos para que vivamos em paz conosco mesmos e com os outros.

As inclinações maldosas existentes dentro de cada um de nós saem pela boca. "O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque sua boca fala daquilo de que o coração está cheio". Lucas 6, 45

Outro ponto que entendo merecer destaque é o aprendizado do relaxamento, quer através de exercícios respiratórios, quer pela meditação e oração. Esta, sem sombra de dúvida e hoje com provas científicas, é a que mais serenidade e felicidade traz aos seus praticantes.

Com as considerações aqui trazidas, questiono: qual dos lobos tenho alimentado no meu dia a dia?